SÉRIE: A ÉTICA DE JOSÉ VICENTE: CRIADOR E MANTENEDOR DE UMA OBRA PERENE

Neste mês de novembro estamos comemorando 126 anos de existência da Fundação Nossa Senhora Auxiliadora do Ipiranga, a Funsai. Você sabe como essa história começou?

O Conde José Vicente de Azevedo, que tinha sofrido como órfão, tinha o desejo de criar um orfanato que servisse de abrigo a meninas órfãs e, além disso, oferecesse a elas instrução primária, educação religiosa e profissional.

Como Provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento da Sé ele pôde realizar este sonho, no bairro do Ipiranga.

A obra, projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, começou no ano de 1890. Muitas foram as dificuldades que José Vicente teve que enfrentar para completá-la: precisou comprar trilhos e construir um ramal de estrada de ferro para transportar os materiais até a obra; instalou uma olaria para que fossem produzidos tijolos. As obras foram paralisadas por um embargo judicial motivado por divergências políticas. Somente após 7 anos o edifício pôde ser concluído e o Orfanato começou a funcionar.

As cerimônias de inauguração do Asilo foram solenes, como relata sua filha Maria Angelina Vicente de Azevedo Franceschini. Houve música de orquestra, missa, queima de fogos e uma recepção para mais de 300 pessoas.

Durante a festa José Vicente estava muito alegre e fez um belo discurso. Informou que havia feito um depósito em dinheiro, que aplicado com juros e correções deveria ser revertido para a festa do 1º centenário da instituição, a ser comemorada cem anos depois, em 22 de novembro de 1996.

Reflitam sobre esse gesto: aparentemente a doação retrata sua generosidade e otimismo, porém muito mais significativa é a intenção revelada, de realizar uma obra filantrópica perene, que fosse maior que o tempo de sua própria existência. A Funsai é hoje o sonho de José Vicente a caminho do seu segundo centenário.