Primavera, o renascimento da vida
A partir de 22 de setembro de 2021, às 16h21 celebramos a chegada da primavera no Brasil.
A primavera é considerada por muitos a estação mais bonita do ano. Isso se deve ao fato de que nela ocorre a floração de diversas espécies de plantas. As paisagens enchem-se de cores, deixando ruas, campos, parques e jardins com o aspecto alegre e vívido. Essa estação do ano sucede o inverno e precede o verão. A primavera, assim como as demais estações do ano, não ocorre simultaneamente nos dois hemisférios. Em cada um deles, ela se inicia em uma data específica.
A primavera é considerada a estação do ano mais agradável para alguns, devido a suas temperaturas amenas e ao aumento da umidade do ar que lhe são característicos. A floração, ou desabrochamento das flores, modifica a paisagem, tornando-a mais alegre e contemplativa.
Os animais também apresentam comportamentos específicos nessa estação. Muitos tendem a sair do seu período de hibernação. Há mudança também no comportamento de animais polinizadores, como os beija-flores e as abelhas. Devido ao florescimento de algumas espécies, esses animais aumentam a sua atividade, interferindo significativamente no ciclo reprodutivo dos vegetais.
Como momento de florescimento e recomeço, essa estação do ano nos inspira a buscar um significado para a vida. É momento de encarar os nossos desafios como oportunidades de crescimento pessoal e ampliar nossa força interior e nossa fé.
A vida sempre nos surpreende. Ciclos se fecham e tudo o que nos acontece está de algum modo nos favorecendo, seja para melhorarmos, seja para nos despertarmos da nossa zona de conforto, ou mesmo para adquirirmos alguma habilidade ou mudarmos algum aspecto. Quando um ciclo está se fechando, aceite o fato e aproveite para renovar suas esperanças, oportunizando-se a gestar novos propósitos e projetos de vida. Os processos transitórios da vida são etapas potencialmente criativas.
Ajudar ao próximo, trabalhar de forma voluntária, plantar árvores e viver de forma ecológica e sustentável, por exemplo, nos harmoniza com um propósito espiritual.
Para entendermos melhor esse processo, entrevistamos dois voluntários do Vivavida que nos contam um pouco da primavera de suas vidas.
Minha identificação com a primavera
Por Helena Maria Santos
Sou grata a Deus e aos meus pais, por ser uma pessoa determinada, amorosa, honesta, alto astral e feliz. Fui educada por eles com muito amor.
Minha mãe foi uma pessoa sempre alegre, o sorriso presente em toda a sua vida e exemplo de força de vontade em todos os aspectos de sua vida. Meu pai era meigo, carinhoso, informado e também alegre.
Aos treze anos perdi meu pai, ele morreu e de um dia para o outro deixei de brincar de bonecas para trabalhar durante o dia e estudar à noite. Não foi mais traumatizante graças a minha querida mãe, ela foi fundamental nesta mudança da minha vida.
Ela já trabalhava em casa e com a responsabilidade de ficar com os três filhos, fez o possível e o impossível para não faltar nada. Não tenho lembranças dela triste, cansada e nunca reclamar da vida. Espetáculo de pessoa!
Eu considero essa fase, minha primeira mudança de estilo de vida. Aprendi a ser mais responsável, encarar minha vida sem perder a alegria e realizar meus sonhos.Outro ciclo marcante e decisivo na minha vida foi casar e ter meus dois filhos. A primavera se fez com sua luz, o maior dos meus sonhos e amores, meus filhos Guilherme de 35 anos e o Henrique de 32 anos.
Tentei fazer o meu melhor. A ajuda do meu marido Sérgio foi fundamental nesta jornada de ser mãe, profissional e principalmente mulher.
Outro momento de mudança na minha vida foi quando conheci a prática do Yoga, há 36 anos. Foi tão maravilhoso que até hoje pratico.
Aprofundei meus estudos e consegui me formar como professora de Yoga nas melhores escolas de São Paulo, tendo a sorte de ter tido professores lúcidos e conscientes deste sistema filosófico de vida e das várias pessoas que convivi, colhendo muitas flores ao longo da minha vida.
Aos 64 anos, todos os dias procuro me reinventar, com ou sem dificuldades, seja através dos meus livros, dos meus estudos, dos meus afazeres profissionais e domésticos, enfim, faço brotar dentro de mim um renascer de esperança de uma vida mais feliz.
Passos na estrada da eternidade
Por Pedro Carlos de Araújo Arruda
Brincava às 5h30 da tarde alegremente, às 6 horas já que eu não enxergava, e eu não enxergava mais a bola, saia bravo do campo, ficava sentado na guia.
Aos 18 anos sonhando em dirigir como todo jovem, porém, responsavelmente, meus pais não me permitiram que eu tirasse a carta.
Aos 20, prestei concurso para ser professor da prefeitura, passei e fui reprovado no exame oftalmológico. Daí, a ficha caiu, eu era deficiente visual. Fui encaminhado e escolhi fazer fisioterapia. A partir disso então, quatro anos depois, estava trabalhando na Fundação Dorina Nowill para Cegos.
Eu era visão subnormal, reabilitava deficientes visuais e convivia com a cegueira, era doído, precisei aprender a usar a bengala longa, mesmo enxergando um pouco.
E foi a minha sina, a minha caminhada foi assim, enfrentando a vida.
Aos 40, tudo escureceu, não tinha mais visão, porém, já estava bem amadurecido esse processo, que doeu durante mais de 20 anos para chegar à escuridão. Daí pra frente eu pude trabalhar. Trabalhou como fisioterapeuta com deficientes em todas as suas variedades: visuais, físicas, ortopédicas, e todas as suas condições neurológicas. Fui aprendendo. Aprendendo que não era só eu que era deficiente, aprendi que muitos seres humanos, dos mais diversos tipos viviam essa mesma dificuldade e fui desenvolvendo uma resignação, uma resiliência. A força da oração "Orai e Vigiai", se impregnou na minha alma fortemente,me iluminaram o coração e a mente, unindo a ciência,a arte e a perseverança fui chegando aos caminhos e harmonizando a minha vida.
Senão somos, ainda ficaremos, alguns no joelho, outros na coxofemoral, alguns talvez com problemas respiratórios, outros neurológicos, quem sabe, outros oncológicos. Cabe-nos o processo de aceitação, consciência, resignação, que cresçam dentro da alma e fortaleçam os nossos passos rumo à eternidade e o coração da divindade.
Essas histórias de vida nos mostram a importância de encararmos os problemas como desafios, a dor como meio de aprendizado, as mudanças como oportunidade de transformação, a insatisfação como eterna busca. Todo processo pode ser fácil ou difícil, penoso ou desafiador, de possibilidades e aprimoramentos. Depende de como você percebe cada acontecimento. E com o fechamento de ciclos não é diferente, pois ele nos oportuniza uma nova vida.