Os desafios do novo Presidente
Já estávamos na segunda quinzena do mês de março de 2020 quando fui acordado por um inesperado telefonema. Era minha prima Mônica, esposa do nosso então Presidente Gusmão. Disse que ele havia pedido para que me transmitisse um recado: o de que eu deveria me preparar para substituí-lo, pois acabava de se internar no Hospital Albert Einstein, com teste positivo de Covid-19 e sentindo-se muito mal. Afinal, nas últimas eleições, eu havia sido eleito Primeiro Vice-Presidente.
Um susto, sucedido por cerca de 40 dias de apreensão, com o Dr. Gusmão num leito de UTI. Por fim, a triste notícia de seu falecimento.
Foi triste ver a paralização das atividades de nossas Unidades, mas serviu como período de preparação para o que viria: uma sequência de problemas próprios desses tempos de pandemia. E assim, contando com todo o apoio dos nossos Superintendentes, dos colegas da Diretoria, do Conselho, bem como dos funcionários mais próximos, chegamos ao final do trágico 2020, quando me elegeram Presidente de fato e ainda pudemos comemorar os 124 anos da Instituição.
E como pediram que eu me apresentasse, tentarei sintetizar ao máximo uma vida que se aproxima de oito décadas.
Fui alfabetizado no glorioso Grupo Escolar São José, uma das criações de meu bisavô - o Conde José Vicente de Azevedo. Meu Ginásio (segunda parte do primeiro grau) foi cursado no Colégio São Francisco Xavier, erguido em amplo terreno doado pelo Conde aos Padres Jesuítas, especialmente para educação de descendentes de japoneses, muitos dos quais lá chegavam sem nem falar português.
O Colegial foi na Escola de Comércio Álvares Penteado, no Largo de São Francisco, no Centro de São Paulo, no qual me formei Técnico de Contabilidade. Serviu para me acostumar a ir diariamente aquele Largo onde eu cursaria a Faculdade de Direito da USP, realizando antigo sonho. Antes, já dividia os estudos com meu trabalho na Secretaria do Tribunal de Justiça de São Paulo, durante sete anos.
Meu tempo de academia foi vivido em plena Ditadura Militar, mas a minha participação na política estudantil foi muito enriquecedora. No Centro Acadêmico XI de Agosto ocupei vários cargos até ser eleito Vice Presidente, chegando à Presidência quandoo titular teve que sumir.
Nesse tempo trabalhei também como jornalista contratado pela Unilever, para a qual editei a revista "Encontro" por dez anos. E outras revistas editei para outras empresas. Depois criei uma produtora de audiovisuais que cresceu durante 20 anos, mas faliu quando surgiu o Plano Collor. Sobrevivi principalmente advogando.
Quando isso aconteceu eu já estava casado com uma mulher incrível, tinha duas lindas filhas e, como professor universitário, dava aulas à noite em faculdade de Comunicação Social. Em 1996 entrei no Conselho da FUNSAI e, por meus trabalhos jurídicos, tornei-me Assessor Jurídico da então Clínica Infantil do Ipiranga - hoje Hospital Dom Alvarenga.
Agora, o meu grande desafio é o de ser um Presidente tão útil quanto possível à Funsai, o que não é simples nesses confusos tempos de pandemia. Mas, não tenho porque temer, porque descobri que nasci para enfrentar desafios e porque já tomei a segunda dose da coronavac.