O ESPÍRITO JUNINO PELAS MÃOS DE NOSSOS ARTISTAS
Quando o inverno chega, nasce o espírito junino nas cidades brasileiras. Bandeirinhas colorem as casas e as fogueiras aquecem as noites frias.
A Festa Junina é uma das representações festivas mais recorrentes nas produções de artistas brasileiros. O tema aparece em cantigas, poesias e pinturas colorindo ainda mais o período junino.
Poesias como "Noite de São João" de Décio Valente descrevem muito bem o clima junino.
Noite de São João
Alegria no terreiro!
Coloridas bandeirolas,
Sanfona, flauta, pandeiro,
Cantores violões e violas.
Junto ao mastro de São João,
Nas mesas e tabuleiros,
Tigelinhas de quentão...
Quitutes bem brasileiros...
Pinhão, pipoca, amendoim...
O céu, cheinho de estrelas,
E eu, com você junto a mim,
Não me cansava de vê-las... Lá fora, clareando tudo,
A crepitante fogueira,
Estalando como açoite,
queimava o negro veludo
daquela festiva noite
de tradição brasileira.
Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) - foi influenciado pela arte européia, mas depois, encantou-se com sua terra e ficou famoso por retratar paisagens mineiras. Pintou uma série de obras tendo a Festa de São João como tema recorrente. Quando falamos em balões juninos, não podemos deixar de pensar em Guignard.
Anita Malfatti
(1889- 1964) foi a primeira a misturar as técnicas europeias com os temas
brasileiros, por meio do uso de cores fortes e elementos tropicais. A partir de
1940, a artista pintou cenas populares, sendo as festas juninas um dos temas.
Di Cavalcanti
(1897-1976) além de pintor, foi desenhista, ilustrador, cartonista, caricaturista,
muralista, cenógrafo, escritor, jornalista, poeta e doutor honoris causa pela
Universidade Federal da Bahia. Esteve à frente da Semana da Arte Moderna de 22.
Apesar da influência cubista e surrealista, foi um dos mais típicos pintores
brasileiros pela representação de grandes festividades públicas, entre elas, as
festas juninas. Nos anos 60 foi saudado como "o mais brasileiro dos pintores
modernistas".
Alfredo Volpi
(1896-1988) foi um dos pintores mais importantes da segunda geração do
modernismo. Na década de 1950 evoluiu para o abstracionismo geométrico e foi
daí que nasceu a sua série emblemática que retrata bandeirinhas e mastros de
festas juninas. Volpi gostava de usar cores vibrantes como: vermelho, azul,
branco e preto.
Outro grande artista brasileiro, Cândido Portinari
(1903-1962), pintou esta festa de São João, toda trabalhada com triângulos em
tom de rosa, onde se vê a fogueira quadrada sendo montada ao estilo Santo
Antônio.
Para cada um dos três santos que são celebrados nessa época do ano existe um formato de fogueira diferente. A fogueira de Santo Antônio é quadrada, já a fogueira de São João é montada com a base em formato redondo, fazendo com que esta, quando acesa, fique num formato de cone. A fogueira de São Pedro tem sua base triangular.
Djanira Motta da
Silva (1914 -1979) foi desenhista, pintora, ilustradora, cartazista,
cenógrafa e gravadora. Com uma temática predominantemente brasileira e linhas e
cores simplificadas reproduziu em sua obra a paisagem nacional e festas
folclóricas. Em 1972 recebeu um diploma e uma medalha, do Papa Paulo VI. Foi a
primeira artista latino-americana a ser representada no Museu do Vaticano, com
a obra "Sant'Ana de Pé".
Heitor dos Prazeres
(1898-1966), compositor, cantor e pintor brasileiro, foi um dos pioneiros na
composição de sambas e participou da fundação das primeiras escolas de samba do
Brasil. Em meados de 1930 começou a pintar temas como jovens em festas juninas
e rodas de samba apresentados quadros coloridos e alegres.
Por CAJ