CULTURA DA PAZ

01/10/2023

POR: CAJ

Cultura da Paz

No século XIX (1815), pessoas começaram a se organizar em associações para pedir a paz, condenando qualquer tipo de conflito. Um importante líder, defensor dos vulneráveis e inspirador de diversos movimentos de não-violência foi Mahatma Gandhi, que neste dia 02 de outubro completaria 154 anos. Em homenagem a ele, comemoramos, na data de seu nascimento, "O Dia Internacional da Não-Violência".

A Cultura de Paz, como movimento, nasceu em 1999 promovido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Essa expressão está relacionada a uma visão de mundo que tem como foco o diálogo e a mediação na resolução dos conflitos. Significa um compromisso de abandonar completamente atitudes violentas e assumir a diversidade e a solidariedade.

A Contribuição da Arte para a Paz

As artes, de uma maneira geral, desempenham papel importante no incentivo ao diálogo e apresentam um histórico de contribuição para que alcancemos a paz. Exemplo disso são os painéis "A Rota da Liberdade", do espanhol José Vela Zanetti e "Guerra e Paz", do brasileiro Cândido Portinari, situados na entrada da Sede da ONU (Organização da Nações Unidas), em Nova York, e que representam a luta pela paz e pela liberdade.

Pablo Picasso, outro grande artista, foi considerado um símbolo pela defesa da paz e da liberdade depois de pintar Guernica, em 1937 e a Pomba da Paz, uma série de desenhos criados para simbolizar a Paz tão esperada após a Segunda Guerra Mundial.

O artista brasileiro Eduardo Kobra, que carrega a arte pelo grafite e pinta a esperança, diz que faz de suas obras um espaço de disseminação de mensagens pacifistas pelo mundo. Em 2020, lançou campanha pelos moradores de rua, em 2022 presenteou São Paulo com o mural Ciência e Fé na fachada do Hospital das Clínicas. O tema PAZ tem marcado seus últimos trabalhos, devido à guerra da Ucrânia e como reflexão sobre os conflitos em regiões do Oriente Médio, da África e nas comunidades das grandes cidades brasileiras.

São inúmeras as músicas que cantam a paz, a igualdade, e a ideia de um mundo melhor. "Imagine", do ex Beatles John Lenon, fala de um mundo sem fronteiras e sem rivalidade, tendo sido consagrada como hino da paz mundial. Outras músicas falam sobre paz, liberdade ou cantam a união de todos os povos como: "Blowin' in the Wind", de Bob Dylan e "We are de World", de Michael Jackson e Lionel Richie. No Brasil, temos belíssimas canções como "A Paz", de Gilberto Gil e "Rosa de Hiroshima", poema de Vinicius de Moraes, que se tornou um hino pacifista, que fala sobre a bomba atômica lançada na Segunda Guerra Mundial.

Já a dança, segundo a arteterapeuta Sônia Sanches, consegue falar por intermédio do corpo o que as palavras não podem dizer, é a ponte para a união dos povos e a expressão do coração. Assim, Sônia define o papel da dança no processo de construção da cultura de paz.

Nos tempos atuais, quando as pessoas buscam harmonia e paz, a dança circular é o melhor caminho, pois ela é cooperativa por natureza. Em roda, de mãos dadas, olhos nos olhos, o resgate das danças folclóricas traz a ancestralidade e conecta cores, raças, tempos e espaços. Especialmente no Brasil, ela está sendo vivida nos mais diferentes espaços de convivência e lugares que tenha seres humanos precisando de paz, calor humano, amor e compaixão.

Esporte da Paz

O vínculo entre o esporte e a paz também é poderoso, pois ele une os povos de forma a conseguir ultrapassar limites e barreiras. Muitas das habilidades e dos valores aprendidos através do esporte são os mesmos ensinados na educação para a paz: respeito, honestidade, comunicação, cooperação, empatia e respeito às regras.

O tchoukball, modalidade esportiva conhecida como esporte da paz, possui dois quadros semelhantes a trampolins em cada lado da quadra fazendo o papel do gol, sem necessidade de um goleiro. O principal objetivo da equipe é arremessar a bola com as mãos em qualquer um desses quadros para que ela atinja o chão fora da área marcada, que fica próxima ao gol. Se a equipe adversária conseguir pegá-la, o jogo continua e o papel dos dois times se alterna. Nesta modalidade não há contato físico entre os participantes, assim como não há um lado para cada equipe, portanto o campo de jogo é compartilhado por todos e conforme o time avança, o outro não pode roubar a bola ou atrapalhar o adversário. É um esporte ideal para uma disputa de times mistos, promovendo a inclusão e a não discriminação dos gêneros masculino e feminino.

Paz no Ambiente Escolar

Atualmente, a proposta de trabalhar com crianças e adolescentes as competências como o desenvolvimento da comunicação, o autoconhecimento, o autocuidado, a empatia, a cooperação, a responsabilidade e a cidadania vão de encontro à cultura de paz, assim como as rodas de conversa restaurativas. Quando há um confronto, o diálogo é estimulado e mediado por um educador para que as partes falem sobre seus sentimentos, se aproximem, se conheçam. Essa prática empodera, responsabiliza e sensibiliza a todos que participam do momento, e o conflito é resolvido de forma pacífica e respeitosa.

Vamos Cultivar a Paz?

A ideia é conscientizar a população sobre a possibilidade da resolução de questões e embates seguindo o caminho de paz e respeito entre as pessoas por meio do diálogo, mesmo que estas tenham ideias diferentes.

Para vivermos em sociedade de forma responsável e solidária, é fundamental estarmos sempre atentos as nossas próprias falas e ações. Essa vigilância deve ocorrer tanto nas relações presenciais quanto nas interações virtuais, ou seja, na maneira como utilizamos as ferramentas de comunicação e as redes sociais.

Alguns cuidados no uso das redes sociais podem ajudar na construção de uma cultura de paz:

Não curtir ou compartilhar conteúdos que incentivem qualquer forma de violência.

Não realizar bullying digital, nem incentivar o bullying em sua forma presencial.

Não seguir ou compartilhar páginas, grupos ou publicações com discurso de ódio.

Não disseminar mensagens ou ideias que ataquem minorias ou grupos sociais, étnicos ou culturas específicas.

Não compartilhar fake news, buscando sempre as publicações com base em evidências corroboradas pela comunidade científica.

A construção da paz também deve ocorrer dentro de casa. As famílias devem estimular o diálogo diante de algum impasse. Orientações como "não leve desaforo para casa", "você não é saco de pancada" ou "apanhou, levou" vão na contramão da cultura de paz, pois estimulam a violência.


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